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O processo do autoconhecimento e o comer com atenção plena

Há um pouco menos de uma semana fui a SP fazer um curso de Nutrição Comportamental, “Comer com Atenção Plena – Mindful Eating”. Fui  sem expectativas e, muito menos, sem conhecer a temática, incentivada por uma amiga e colega nutricionista. Apenas li a breve descrição no site, achei interessante e apostei.

Hoje estou aqui para compartilhar o quanto este curso mudou a minha vida. Exagero? Pode parecer, mas realmente em apenas um dia de atividade, aquilo me transformou.

Extrapolando um pouco as questões profissionais, já faz algum tempo que tenho repensado algumas coisas sobre o mundo, mais especificamente como eu lido e respondo a algumas questões. Dentro deste processo, que na verdade nada mais é do que uma jornada em busca ao autoconhecimento, percebi o quanto sou sem paciência e o quanto perco o pouco que tenho por situações tão banais e desnecessárias. Nesse sentido, passei a me perceber melhor e em cada situação em que me vejo irritada e sem paciência, paro, respiro fundo e tento reavaliar minha atitude. Isso não quer dizer que na situação seguinte consiga reagir de forma diferente, mas percebo que, minimamente pelo menos, a forma como encaro estes momentos, começa a mudar. Na realidade isto é um exercício (esta reflexão a cerca destes momentos) que faz parte de um processo, o qual tem por objetivo final a mudança de comportamento. E aí entramos num ponto muito importante da discussão que gostaria de fazer hoje. A mudança de comportamento.

Bom, e porque comecei a falar tudo isso mesmo? Porque queria falar que para mudar diversas questões na nossa alimentação é necessário que mudemos nosso comportamento perante elas e que isso pode parecer óbvio, mas está longe de ser fácil.

O comportamento humano, de um modo geral, é influenciado por muitos fatores: a relação indivíduo-indivíduo, indivíduo-ambiente, as experiências e aprendizagens que passamos ao longo da vida, a cognição e etc. O comportamento alimentar, mais especificamente, se dá por meio de todos estes fatores e outros mais, como por exemplo: a cultura em que estamos inseridos, a religião em que acreditamos, a mídia/propaganda, o acesso aos alimentos, as nossas preferências alimentares, dentre muitos outros. Sendo assim, mudar comportamentos não é simples, exige, na maioria das vezes, mexer/repensar em uma série destes fatores.E foi pensando justamente no quão difícil é esta jornada, que este curso abriu meus horizontes e me fez repensar minha prática clínica e profissional.

Explico então, de forma simples e sucinta, o conteúdo do curso.

“Mindfulness” é um termo que tem sido traduzido como “Atenção Plena” em português, podendo designar um estado mental, um conjunto de técnicas ou exercícios mentais, programas estruturados de treinamento baseados em “Mindfulness”, ou ainda um conceito psicológico. O estado mental de “Mindfulness” pode ser induzido ao focarmos nossa atenção intencionalmente na experiência direta do momento presente, numa atitude aberta e não-julgadora (conceitos adaptados do site Mindfulness Brasil). É um método que tem sido usado em diversas áreas da saúde, inclusive na Nutrição.

Sendo assim, se apresenta nesta última área como Mindful Eating – comer com atenção plena. Este “método” tem como objetivos:

  • desenvolver/despertar atenção às sensações físicas e emocionais durante o ato de comer;
  • não julgar estas sensações;
  • comer de forma consciente.

Mindful eating

Mas e o que isso tudo tem a ver com autoconhecimento? Tudo! Para atingirmos a mudança por meio das técnicas deste método precisamos conhecer e respeitar o nosso corpo, portanto, nos autoconhecer.E é aí que tudo fez sentido pra mim e casou tão bem com o que vinha refletindo sobre minhas atitudes (e das pessoas também) em algumas situações. Estamos precisando desacelerar, nos tornarmos mais conscientes daquilo que fazemos, julgar menos, nos conhecer mais.

Eu poderia escrever mais linhas e linhas sobre o assunto, mas vou concluir com uma última reflexão. Estamos vivendo em uma época de tanto terrorismo nutricional que cada vez mais nos sentimos incapazes ou sem sucesso para atingir a tal alimentação saudável ou modificar comportamentos “errados”. Mas afinal, o que é mais vantajoso: eliminar o tal comportamento as custas de muito sofrimento ou nos aceitarmos mais, nos liberarmos da culpa e do julgamento e sermos felizes com nossas escolhas?

Só sei que viver de dieta, eleger heróis e vilões na alimentação não torna a vida de ninguém mais leve e feliz, pelo contrário. Reforço que o caminho para a mudança não é fácil, exige muita dedicação e persistência. E é somente através do autoconhecimento que iremos obter sucesso, de forma saudável, eficaz e permanente.

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